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sexta-feira, 23 de março de 2012

O que está acontecendo com o OpenOffice?

O projeto OpenOffice , embora tenha dado origem ao pacote de aplicativos de produtividade e escritório em código aberto mais popular, tem uma história curiosa até mesmo quanto à sua denominação. Neste artigo, vamos recapitular brevemente, mencionando o StarOffice, OpenOffice.org, BrOffice e LibreOffice, os pontos diferentes da trajetória iniciada por um mesmo sistema.

Na sua origem, ainda no tempo dos computadores domésticos de 8 bits, ele era um programa proprietário chamado StarOffice. Na virada do século, a Sun o comprou, disponibilizou sob uma licença open source e passou a coordenar a continuidade do seu desenvolvimento sob o nome OpenOffice.org. O esforço durou até o ano passado, quando a Oracle (que adquiriu a Sun e passou a chamá-lo de Oracle Open Office) o descontinuou como produto e repassou o seu código para a Fundação Apache, que o está incubando como um novo projeto chamado Apache OpenOffice.O próprio nome OpenOffice.org, pelo qual foi conhecido durante seus anos de maior expansão, é curioso: o sufixo .org é mais comum a domínios do que a nomes de produtos, mas acabou sendo necessário porque o nome OpenOffice, escolhido pela Sun, era marca registrada de outras organizações em vários países onde ele era distribuído, como Holanda, Inglaterra e Brasil.

Acrescentar o .org à marca foi suficiente em outros países, mas não aqui: após alguma movimentação jurídica por parte do detentor da marca OpenOffice, os desenvolvedores locais decidiram passar a chamá-lo por aqui de BrOffice, um produto compilado separadamente a partir de uma base de código comum à do OpenOffice, mas com alguns recursos adicionais desenvolvidos localmente, incluindo o suporte a um corretor gramatical para o nosso idioma.

Antes de a Oracle encerrar o ciclo de vida do produto e repassar seu código à Fundação Apache, entretanto, ocorreu mais um capítulo curioso (e lamentável a seu modo): após bastante atrito entre a comunidade de desenvolvedores externos (que já tinha dificuldades com o estilo de gestão da Sun, e encontrou barreiras muito maiores após a aquisição) e a Oracle, os programadores (incluindo os brasileiros do BrOffice, em sua maioria) resolveram se unir e proclamar independência, na forma do projeto LibreOffice, que partiu do ponto em que o código aberto do OpenOffice.org se encontrava na época.

Infelizmente, hoje LibreOffice e Apache OpenOffice não têm um relacionamento completamente funcional entre si, e há até mesmo incompatibilidades de licenciamento entre seus produtos, embora ambos sejam livres. Mas a cisão entre eles é recente, e ainda podemos torcer por uma evolução positiva no futuro próximo.

Enquanto isso, no Apache OpenOffice

Há discussão sobre qual dos projetos hoje em atividade é o sucessor direto do OpenOffice “original”: indo além da mera questão formal, o Apache OpenOffice recebeu a continuidade material, representada pelo código-fonte, a marca e outros recursos do projeto que pertenciam, de direito, à Oracle; o LibreOffice, por outro lado, recebeu uma cópia legítima do mesmo código, juntamente com grande parte dos desenvolvedores que formavam a equipe anteriormente – mal comparando, é como dizer que um deles é herdeiro do corpo, e o outro é do espírito.

As atividades do LibreOffice tem sido mais visíveis: como ele é a alternativapresente em boa parte das distribuições Linux populares, liberou algumas versões e tem emitido comunicados (inclusive em português) para a imprensa especializada, o público interessado tem como ver como ele está (ou não) evoluindo e formar sua opinião a respeito.

Já no caso do Apache OpenOffice, a fase de transição que ele vive contribui para tirá-lo um pouco das vistas do público. Embora a Fundação Apache tenha recursos e os aplique bem, e neste caso em especial tenha parceiros de peso como a IBM e a própria Oracle apoiando, o processo de receber um novo projeto para incubação, iniciado em junho, exige uma série de atividades pouco charmosas, incluindo questões de licenciamento, revisão do código existente para adoção de determinados padrões, e mais.

É trabalho nos fundamentos, o tipo de coisa que é pouco visível, gera pouca repercussão positiva, mas pode permitir que o projeto depois cresça de forma mais segura e contínua.

Saindo da surdina

Para evitar essa aura de invisibilidade, portanto, um dos responsáveis pelo projeto no âmbito da Apache veio a público para não apenas dizer o que está acontecendo, como ainda apresentar um diagrama caprichado mostrando quais atividades fora desenvolvidas em que momentos, e até mesmo o que está previsto para o futuro próximo.


Como você pode ver na imagem acima, boa parte das atividades mencionadas podem ser descritas como de preparação, não importando se constam no grupo de infraestrutura, de desenvolvimento ou de comunidade.

A bem do detalhamento, vamos mencionar algumas das atividades já concluídas, por área.

Na infraestrutura, cujos produtos usualmente se destinam a ser usados pelas duas outras áreas, temos a criação do blog do projeto, migração da wiki e do site, criação de listas de discussão, migração do sistema de controle e registro de bugs e mais.

No desenvolvimento temos a criação de um espaço para comunicações sobre segurança do sistema, a importação do código-fonte, a definição de um plano de controle de qualidade, a conversão dos termos de licenciamento e mais.

No aspecto comunitário, temos a criação de três listas de discussão por idioma (japonês, alemão e italiano), o processamento dos desenvolvedores autorizados a modificar o código-fonte diretamente, e a própria mudança de nome para Apache OpenOffice.

A ordem em que estes passos foram executados é em si interessante, e sugiro gastar 2 minutinhos olhando a linha do tempo, da esquerda para a direita, para ter uma ideia mais completa sobre o encadeamento destas tarefas.

Significa?

A situação atual dos herdeiros mais visíveis do antigo StarOffice tem muito espaço para melhorias, evitando retrabalho, concorrência por recursos e até ligeiras trapalhadas como a que ocorreu com uma atualização de segurança no ano passado, que se referia a um bug presente em ambos os sistemas open source mas, devido à ausência (agora já resolvida) de canais eficazes de comunicação, foi corrigida apenas em um deles.

Mesmo assim, já que a existência de dois projetos separados no momento é um fato incontestável, é bom ver que a Fundação Apache não apenas está aplicando ao OpenOffice o seu rigor habitual, como também tem claro o foco na necessidade de ser ativamente transparente em relação ao público usuário.

Não acho que necessariamente só um dos dois projetos vai “ganhar”, e muito menos que para isso o outro precise necessariamente “perder”, e minha torcida é para que ambos gerem valor para os usuários, permitindo que uma linhagem de aplicativos que nasceu no tempo dos 8 bits continue sendo útil e suficientemente atual nos nossos desktops e chegando à era pós-PC, seja quando que for que ela ocorrerá!

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